quarta-feira, janeiro 05, 2011

Vendedor de sonhos...partilho apesar de não ser o autor...

Era bem cedo, para dizer a verdade cedo demais, para levantar, para criar forças… o meu relógio nem sequer havia despertado…chovia muito, não se ouvia nada lá fora excepto o incessante barulho de um mau tempo que não dava sinais de que ia parar tão cedo.
Mas estava desperto e por mais que hora indicasse que deveria estar claro… o céu estava fechado, a escuridão estava lá, mas olhando bem, existia algo mais, ou melhor, alguém mais.
Olhei bem então e vi uma pessoa vestida com uma placa, onde se lia “vende-se sonhos” - uma estranha curiosidade levou-me a sair à rua e conversar com aquela pessoa. Em poucos minutos estava encharcado... aproximei-me e perguntei incrédulo:
- Sonhos?!
Com um sorriso cativante, ele disse:
- Sim! Quantos precisa?! – fiz um esforço enorme para não me rir
- Senhor, como vender o invendável?! Por que preço se vende um sonho? Meu Deus!!
Aparentemente acostumado com pessoas como eu, olhou-me com ternura e disse:
- Não há peso em dinheiro para os sonhos, vendo-os ao preço da credibilidade, acredite e compre
Aquilo era confuso demais, estava caindo os céus sobre nossas cabeças e ele vendendo sonhos!!
- Senhor? – disse eu - Não é um bom dia para se vender sonhos, não há ninguém na rua com essa chuva!
Para minha surpresa, ele estendeu-me a mão e disse:
- Você está aqui, não está?! Que sonho precisa? Diga-me.

Ainda bem que estava chovendo! Assim, as minhas lágrimas não seriam vistas com facilidade...pensei: “Quantos sonhos eu preciso?! Em que preciso eu de continuar acreditando?! Meu Deus! Onde estão os meus sonhos?! Onde eles ficaram? Onde os perdi? O que fiz deles?

Mas o Vendedor de Sonhos era experiente na sua profissão e percebeu o meu turbilhão de pensamentos... e disse:
- Sonhos esquecidos pelas confusões do dia-a-dia, mal tratados pelo tempo de espera, esquecidos em algum lugar de sua mente por não haver mais paginas para escrevê-los, simplesmente interrompidos em sua gestação. Não ponha um ponto final, deixe que eles vivam, deixe que eles floresçam, permita que eles se enraízem na sua alma e alegrem seu espírito. Problemas e pressões devem ser alimentos para que eles continuem a crescer, assim eles produzirão esperanças em dias como este. Deixe seu Sonho viver, não é cedo demais para comprar e nem para vender aquilo que se precisa!

Sem mais, virou-se e continuou sua caminhada, algo que eu nem fazia ideia do seu próximo destino…
Fiquei parado ainda mais um tempo, perguntando-me como alguém me fizera sair à rua com uma chuva grossa para me falar coisas que abalaram minha alma, palavras que trouxeram vontade de continuar... ele tinha razão!

Quando caí em mim, percebi…Eu havia comprado daquele homem uma virgula, para continuar minha historia que tinha colocado um ponto final…
A chuva? Ia passar!!